segunda-feira, 23 de março de 2015

Pelos Trilhos da GR 14.1 (Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!)

Pela 2.ª vez no espaço de 15 dias estou a repetir o "Sendero del Agueda".
Depois de um Sábado agreste, todo ele dedicado às lides agrícolas, na limpeza (poda) dos castanheiros, confesso que as sensações para o dia de ontem não eram as melhores: O corpo pedia cama e, como se não bastasse, a manhã não se apresentava nada convidativa à prática da modalidade. A ameaça de chuva, aliada ao vento forte que se fazia sentir, não me impeliam a sair de casa.
Mas tinha-me comprometido e como sabia que o pessoal, vindo da Covilhã, não faltaria ao apelo da "CR BIKE STUDIO" não me restou outra alternativa que não fosse equipar-me!...
Não obstante a instabilidade meteorológica o que é certo é que à hora marcada compareceram nove praticantes, dos quais seis vindos directamente da Covilhã, que se viriam a revelar excelentes companheiros!
Como ultimamente temos feito esta fabulosa rota em circulo, isto é iniciando e terminando em Figueira de Castelo Rodrigo, temos optado por seguir por asfalto até Puerto Seguro (Espanha), onde entramos no trilho que dá acesso à "Puente de los Franceses", sobre o rio Águeda.
São cerca de 22 Km algo monótonos, reconheço, mas é uma forma de pouparmos algum tempo nestes ainda curtos dias de Inverno.
Ontem, curiosamente, ninguém se apresentou de câmara de filmar nem de outros "gadgets" tão em voga e o Rogério Cunha foi o único que mostrou interesse em fazer algumas fotos.
Esta rapaziada veio "apenas" para pedalar!
Como eu costumo dizer, isto nunca é igual.
Cuidados redobrados na descida para a Ponte dos Franceses pois o piso apresentou-se extremamente escorregadio mercê da chuva  miudinha "molha tolos" que teimava em cair. E a subida, em direcção a San Felices, acabaria por ser feita de forma apeada para todos (ou quase) pelo mesmo motivo.
Visita abortada ao "Lagar del Mudo", em San Felices de los Gallegos devido a sobrelotação de visitantes daquele espaço museológico. Surpreendente e inédito!
Desta vez limitámo-nos a atravessar Ahigal de los Aceiteros sem que alguém tivesse o atrevimento de experimentar a adrenalina das suas típicas ruas. Foi passar e andar!
A grande novidade do dia acabariam por ser os reforços alimentares que o Carlos Russo, em colaboração com a Cátia,  nos proporcionou quer em Sobradilho quer em Barca de Alva.
Diria até que foram os momentos altos do dia.
A partir de Sobradilho as condições meteorológicas viriam a alterar-se significativamente: A chuvinha "molha tolos" desapareceu, a temperatura ambiente subiu um pouco e o vento, até aqui um adversário, se transformou num aliado e assim haveria de continuar até Figueira.
Ainda deu para transpirar, especialmente nos últimos 21 Km, desde Barca de Alva e até Figueira.
Depois do reconfortante banho o resto da tarde passámo-la em amena cavaqueira no "Zé do Canto", onde nos foi preparado um lanche "à maneira"!
Um público agradecimento ao Município de Figueira de Castelo Rodrigo que nos vem facultando os excelentes balneários do "Pavilhão dos Desportos" onde são disponibilizados reconfortantes banhos a todos quantos nos visitam. Agradecimento extensível também ao encarregado (José Moutinho) por aquela infraestrutura que com toda a simpatia do mundo os sabe acolher. Há coisas que não têm preço!
 Como alguém dizia enquanto olhava para o tempo que fazia, ainda antes de iniciarmos esta ronda: Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!
Nada mais verdadeiro!
Acompanhar esta malta não se revelou tarefa fácil, especialmente em ascendente. Valeu-me a boa vontade de todos eles, excelentes trepadores, que no final de cada subida, de forma paciente, esperavam cá pelo "velhote"!
Em jeito de resumo direi que fizemos 90 Km de intenso XCM, com um acumulado de subida a rondar os 2200 m.

Os heróis do dia foram:

Carlos Gonçalves
Carlos Russo
Pedro Tondela
Vergilio Fonseca
Rogério Cunha
José Ângelo Silva
Sérgio Madeira
Luís Pedro Cordeiro
Élio Simões (Que apenas nos fez companhia até à Ponte dos Franceses)


P.S. Tão cedo não irei aqui inserir  um "post" sobre a GR 14.1. Por agora basta!





Algumas imagens que "roubei" ao Rogério Cunha:









































quarta-feira, 11 de março de 2015

Pela GR 14.1 (Sendero del Agueda) com amigos de Castelo Branco

"En este rincón del oeste salmantino la frontera escribe su história, la nuestra, a golpe de pasos I, subiendo con el sudor en la frente donde antes caballerias asentaban sus herraduras y los soldados sus mosquetones"

Para lá dos fabulosos trilhos que vamos encontrando praticamente desde a linha de fronteira e até Barca de Alva, este recanto transfronteiriço transpira história.
 Começando junto ao Convento de Santa Maria de Aguiar, de origem cisterciense, onde havíamos combinado encontro com o pessoal de Castelo Branco, o percurso viria a desenvolver-se, ainda do lado português, até Almofala e Escarigo, por onde intencionalmente fizemos um pequeno desvio e nos foi dado apreciar algumas marcas dos "Caminhos de Santiago", de que destaco a antiga albergaria e um pequeno nicho alusivo ao mesmo tema.
Mas é entre as aldeias de Puerto Seguro e San Felices de los Gallegos que encontramos o mais emblemático monumento desta GR: A Ponte dos Franceses. Sobretudo, pela sua localização e estado de conservação. De difícil acesso, à qual apenas se pode aceder a pé ou de bicicleta por trilho estreito e extremamente técnico. O seu nome tem uma clara conotação histórica e vem desde as escaramuças das Guerras Napoleónicas (1807 - 1815) quando foi restaurada e utilizada pelas tropas francesas na ligação a Almeida e Ciudad Rodrigo. Daí o topónimo.
Em San Felices uma breve paragem para visita ao "Lagar del Mudo" ou museu do azeite e um oportuno desvio até à "Plaza Caños" onde nos refrescámos com umas "cañas".
Destaque, ainda para a Torre de Menagem, reabilitada nos finais da década de1990 e que alberga um pequeno núcleo museológico de natureza militar, que não visitámos.
Na 1.ª e 2.ª quinzena de Maio aqui têm lugar as famosas festividades de Santa Cruz e do Noveno. Estas últimas declaradas de interesse público turístico regional.
Deixo a transcrição em castelhano:
"Son unas fiestas que giran en torno a la figura del toro, en la plaza del ayuntamiento se construye todos los años una plaza artesanal elaborada con carros de labranza sobre los que se colocan trillos y tablones para dar soporte a los bancos que coloca la gente para sentarse y disfrutar de la fiesta.
No menos famosos son sus tradicionales encierros a caballo, excelentes jinetes del municipio guían de manera magistral el ganado desde el monte hasta los toriles ubicados en la misma plaza."

Em Ahigal de los Aceiteros oportunidade para os mais afoitos experimentarem as agruras das suas típicas ruas.
De Ahigal até Sobradillo, sempre em paralelo com rio Águeda, para lá dos fabulosos trilhos que vamos encontrando, a poente é-nos oferecida soberba visão dos limites territoriais do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, separados apenas pelas profundas escarpas do rio (arribas), de onde nos é dado observar os relevos de Castelo Rodrigo e das Serra da Marofa e Vieira, a escassos Km de distância.
Em Sobradillo a Torre de Menagem é referencia. Construção defensiva que data do Sec. XIII, extremamente bem preservada, alberga um centro de interpretação do Parque Natural de Arribes del Duero.
A caminho de Hinojosa de Duero, sobressai a ermida de S. Pedro, de estilo gótico, cuja construção data do Sec. XVI e que só de longe observámos.
Conhecida pelo seu famoso queijo de ovelha curado, aqui se realiza anualmente a Feira Internacional do Queijo (Feria Internacional del Queso). Certame que vai já na sua 12.ª edição e este ano agendado para os dias 2 e 3 de Maio.
É na ligação Hinjosa de Duero - La Fregeneda que vamos encontrar o trilho mais técnico desta "voltinha", que culmina na passagem pelos pilares que sustentam o viaduto da antiga linha ferroviária, sobre a "Rivera del Froya"
A partir deste ponto e à medida que nos aproximamos de La Fregeneda e de Barca de Alva a paisagem vai-se alterando. A amendoeira e a oliveira, típicas culturas durienses, predominam. Desta vez fomos brindados com as amendoeiras em plena floração, que vão transmitindo uma infinidade de sensações quer visuais quer olfactivas, que a todos deslumbram e encantam. A apoteótica chegada a Barca de Alva faz-se por Valicobo (Quinta).
Em Barca de Alva, depois de reabastecidos de líquidos e sólidos, alguns solicitaram o carro da assistência e outros, os duros, enveredaram pelo trilho da Transportugal. Isto é deixando Barca de Alva em direcção a poente, por caminho paralelo à margem esquerda do Rio Douro, flectindo, depois em direcção aos Picões, Quinta da Veiga, onde cruzaram a Ribeira de Aguiar, seguindo-se Figueira de Castelo Rodrigo, por uns longos e transpirantes 20 Km, onde tiveram que vencer um acumulado de subida a rondar os 700 m.

Depois de reconfortante banho, um pequeno e apressado lanche no "Zé do Canto"!

Grande dia de BTT.

Deixo-vos com o gráfico de altimetria, que contêm o resumo do dia, tudo dentro dos padrões habituais para este tipo de aventuras!





Algumas fotos, da autoria do Agnelo Quelhas e do Carlos Gabriel:


(Preparando a saída)


(Foto do grupo, junto ao Convento Stª Mª de Aguiar)


(Ao fundo a aldeia histórica de Castelo Rodrigo)


(Entre La Bouza e Puerto Seguro)



 (Falta o burro!...)


(Descendo até à Ponte dos Franceses)


(Ponte dos Franceses)


(San Felices de los Gallegos - Museu do azeite)


(San Felices de los Gallegos - Torre sineira - Sec XIII)


(Momento de hidratação em San Felices)


(À saida de San Felices - ao fundo ponte romana\medieval)


(Ahigal de los Aceiteros)




(Ao fundo Castelo Rodrigo, as Serras da Marofa e da Vieira)


(Sobradillo - Ruínas do Convento de Santa Maria La Seca)


(Sobradillo)


(Ao fundo Hinojosa de Duero)




(Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém!)




(Amendoeiras em flor)


(Chegando a Barca de Alva)


(Deixando Barca de Alva)




(Em direcção aos Picões)


(Trepando!...)


(Penando em direcção ao topo dos Picões!)


(No "Zé do Canto")


(A 3.ª parte!)

Nota: O Trilho da GR 14.1 começa imediatamente a seguir a Escarigo, depois da passagem do pontão sobre a Ribeira dos Tourões, bastando para tal seguir as marcas vermelhas e brancas da GR. Em Hinojosa devem seguir as marcas da GR 14, em direcção a La Fregeneda.

Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui