segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Andando nas nuvens ...

No programa de ontem o que estava previsto era fazer uma daquelas voltinhas à moda antiga. Isto é saindo pela manhã, de mochila às costas com umas "sandochas" e algumas peças de fruta, regressando ao fim da tarde com alguns Km nas pernas e um "acumulado" já digno de registo. 
Do "menu" constava o Percurso Longo dos "Trilhos das Amendoeiras" introduzindo-lhe apenas umas pequenas alterações de forma a evitar o mais possível a lama. 
Bem longe estaríamos nós de imaginar os "momentos" únicos e as vistas que iríamos encontrar a longo de todo o percurso e que tornariam este Domingo irrepetivel!
Logo após o toque da alvorada deu p/ ver que o dia não iria ser fácil. 
Se no perímetro da vila o sol raiava o mesmo não acontecia pelo vale do Douro, envolto em espesso manto de nevoeiro. 
Nada que intimidasse meia dúzia de amantes da modalidade!

Os "carunchos" do dia foram:
                        Carlos Gonçalves
                        Carlos Russo "Ninja"
                         Luís Santos (Chapeiro)
                         Pedro Tondela "Tuna"
                         Tó Condesso
                         Paulo Moreira (Prof. que anda a fazer a recruta com a rapaziada!)

Pouco passaria das 9,00 horas quando saímos em direcção à Serra da Marofa onde não subimos. Até à "Ronca" seguimos o alcatrão. Seguiram-se as serras da Freixeda e do S. Marcos onde nos foi proporcionado ver todo o vale envolto em espesso manto de nevoeiro apenas "pintado" de onde em onde com pequenas "ilhas" correspondentes aos pontos mais elevados e que nos haveriam de proporcionar um espectáculo de difícil repetição.















(Freixeda do Torrão)


(O 1.º azarado do dia: Um "rasgo" no pneu da frente na bike do Tondela)


(Ao fundo Penha de Águia)

Até Penha de Águia apenas a assinalar um "rasgo" no pneu da frente da montada do Tondela prontamente resolvido com recurso a uma câmara de ar. De Penha de Águia até Freixeda do Torrão seguimos pela Portela (caminho junto ao cemitério). Em Freixeda do Torrão tomámos a direcção da capela de Santana seguindo, depois, pelo caminho que vai entroncar na EM Vale de Afonsinho\Algodres, que seguimos até Algodres. Aqui uma breve paragem no "Escondidinho" para reposição de calorias e hidratação.



De Algodres saímos em direcção ao norte por largo arruamento que nos conduz à capela de Santa Cruz (também conhecida por capela da Misericórdia), de puro estilo românico e "Fonte Cabeço", entrando no trilho da GR do Vale do Coa, que fizemos em boa parte até Castelo Melhor.
 A "Fonte Cabeço", de matriz romana exibe no topo do arco da entrada as armas reais invertidas. Curioso!
Pelo meio passagem por Almendra.
Em Castelo Melhor novo contratempo. A vitima, desta vez, foi o Luís, que viu um grande espinho "pregado" no pneu da roda da frente da sua montada.

(Fonte Cabeço - Algodres)

 (Fonte cabeço - pormenor do topo do arco da entrada onde é visível o escudo real invertido )


(Em Castelo Melhor)

Após Algodres o nevoeiro foi-se dissipando transformando-se em nuvens altas. De tal forma que deu para contemplar toda a espectacularidade do vale do Douro Vinhateiro.
Em Castelo Melhor, em sentido ascendente, seguimos na direcção da capela de Santa Barbara., onde demos inicio à frenética descida que nos havia de conduzir até à desactivada estação ferroviária. Pelo meio uma sessão fotográfica. 
É, quanto a mim, um dos locais mais bonitos de todo o Douro Vinhateiro.





(O "Ninja" em acção na frenética descida p/ o Douro)


 (Em direcção ao Douro)


Após a descontraída sessão de fotografia que todos quiseram fazer o "Ninja" deu conta do GPS do Pedro Tondela no chão, caído do suporte sem que desse conta e já havia descolado a alta velocidade encosta abaixo. O que deu logo azo a umas ideias brincalhonas dos restantes.
Quando cheguei à estação já o rapaz enveredava pela subida à procura do dito GPS que ia no bolso do "Ninja". 
Lá tivemos um pouco de "piedade" do rapaz!...
Na desactivada estação de Castelo Melhor nova pausa para reposição de calorias.
A passagem pela ponte ferroviária sobre a Ribeira de Aguiar gera sempre algum alvoroço na rapaziada. 
Imediatamente a seguir à ponte nova sessão de brincadeiras com o "Ninja" a tentar trepar a rampa que dá acesso à Quinta da Granja.
Vejam a brincadeira na página pessoal do Facebook do Luís aqui.

Na Quinta da Granja  mais um "reforço" alimentar, agora de laranjas a que seguiu uma lavagem improvisada das bikes numa torneira\mangueira que estava mesmo ali à mão. A do Luís saiu de lá a brilhar, tal o esmero que pôs na acção!...


(Vestígios do "crime"!)


Nos Picões, depois daquela muito "loooonnnnga" subida de mais de 7 km desde o S. Cibrão, novo momento de descontração com o "Ninja" a brindar-nos com mais umas habilidades.



Em Escalhão nova paragem para "hidratação".

Até Figueira de Castelo Rodrigo pela ponte romana da Ribeira de Aguiar.

Chegada a Figueira pelas 16,30 horas com perto de 70 Km nas pernas e ... paisagens de cortar a respiração.

IRREPETIVEL!

Resumo do dia:
                  Distancia: +/- 67 Km
                  Subida: 1687 m
                  Descida: 1541 m
                  Velocidade média: 13 Km/h
 
Pode visualizar ou descarregar mais fotos aqui.

Pode visualizar ou descarregar o TRACK aqui.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PELO PARQUE NATURAL DES ARRIBLES DEL DUERO – PUERTO DE LA MOLINERA



O Parque Natural de Arribas do Douro (PNAD) é toda uma extensa área protegida, situada na orla do Douro no trecho fronteiriço com Portugal. É o correspondente ao português Parque Natural do Douro Internacional (PNDI).
A característica mais destacada desta extensa área é a grandiosidade paisagística dos seus vales escarpados. Um palco natural artisticamente lavrado pelos cursos de água que os percorrem, caracterizados por acentuados desníveis até desembocarem no Douro.
Foi, pois, no coração desta área protegida que se desenvolveu a “voltinha” de ontem, há muito planeada mas só agora concretizada.
O “Puerto de la Molinera” é o troço rodoviário (ou tramo como dizem os vizinhos espanhóis) que une Lumbrales a Saucelle, em pleno PNAD, que fica a dever o nome à ponte que dá passagem sobre o rio Huebra, afluente do Douro e que é de uma beleza e espectacularidade indescritíveis, especialmente nesta época do ano, devido às quedas (cachón) de água do rio Camaces, afluente do Huebra e que todos podemos presenciar.
Ideia lançada e desenvolvida através da rede social Facebook.
Não foi difícil juntar um bom grupo de amigos em Barca de Alva, onde iniciámos esta aventura.
Contrariamente ao dia anterior o Domingo amanheceu baço e sob ameaça de chuva, o que não foi impeditivo para nenhum dos aventureiros que se havia proposto a realizar esta "voltinha".
A primeira grande contrariedade do dia foi mesmo o nevoeiro cerrado que encontramos em todo o vale do Douro e que se foi dissipando ainda pela manhã.
Saindo do cais fluvial de Barca de Alva pelo passeio pedonal junto ao Douro até à foz do rio Águeda, que transpusemos pela ponte internacional rodoviária e daí ao cais de Vega Terrón, já em território espanhol, seguimos as marcas da GR 14.1 - Senda del Agueda, entrando nos domínios de Valicobo (quinta) tendo a maioria solicitado de imediato a colaboração da "avozinha" para transpor o acentuado declive que era proposto até, pelo menos, ao caminho asfaltado que dá acesso ao casario. 
 A ideia inicial era mostrar a soberba vista que se obtém sobre o Douro e Barca de Alva, inviabilizada pelo nevoeiro que só muito lentamente se ia dissipando. Mas mesmo assim ainda houve quem fizesse umas imagens lindíssimas.


(Cais fluvial de Barca de Alva)


(Valicobo envolta em neblina)


(Preparando a saída - Cais fluvial de Barca de Alva)

O primeiro azarado dia acabou por ser o Paulo Coelho que ainda antes de transpor o Águeda já contava com um rasgo no pneu da frente da sua nova montada (que fazia aqui a estreia absoluta) e que por pouco não lhe inviabilizava a progressão!
Depois de ultrapassado o último portão de Valicobo a progressão fez-se até La Fregeneda onde continuámos a seguir as marcas da GR 14.1 até Hinojosa de Duero. Pelo meio a antiga ponte ferroviária da Rivera del Froya cujos pilares contornámos e onde nos deparámos com um trilho extremamente técnico, já conhecido, onde alguns poderam testar as suas capacidades ...
Em Hinojosa de Duero uma paragem técnica para hidratação e onde demos pela falta do Luís (chapeiro), que haveria de reaparecer na companhia do Carlos Russo e do Pedro Tondela. 
Antes de prosseguir serviu-me um "chá" quente!
Em Hinojosa seguimos as marcas da GR 14 - Senda del Duero, que nos haveriam de conduzir até às ruínas da igreja de San Leonardo, incendiada nos princípios do Sec. XVIII no decorrer das Guerras da Sucessão, e à "Puente el Ojo", sobre o rio Camaces, a caminho do "Puerto de la Molinera".
Antes de chegar à "Puente el Ojo" ainda andámos a saltar umas portaleiras e vedações de terrenos privados que poderíamos muito bem ter evitado se seguíssemos as marcas da GR ou o alcatrão que apareceu até à Ponte Nova sobre o mesmo rio, indo depois de encontro à ponte medieval a montante daquela.
 A "Puente el Ojo", de cariz medieval, para além de muito bem conservada, é lindíssima e as águas revoltosas do rio Camaces conferem-lhe, nesta época do ano, um encanto extra.

(Saindo de Valicobo)

Chegando a La Fregeneda)
(Rivera del Froya - La Fregeneda)

(GR 14.1 - Passagem sobre a Rivera del Froya - La Fregeneda)


(GR 14-1 - A caminho de Hinojosa de Duero)


(Paragem para hidratação em Hinojosa de Duero)


(GR 14 - Saindo de Hinojosa de Duero)


(Ruínas da igreja de San Leonardo)
(Puente el Ojo)

A partir da "Puente el Ojo" e até Saucelle o trajecto desenvolve-se quase sempre por "carretera", em plena "Molinera". Uns Km depois e eis que estamos no "Canchón de Camaces", um dos lugares maiores das arribas, que observámos através de miradouro e onde aproveitámos para fazer a foto de grupo. Este "cachón" dá inicio a uma rota de cascatas que se sucedem até à foz, sobre o Huebra e que só de longe podemos observar.
Numa sucessão de profundos vales, que vamos serpenteando em sentido descendente, chegamos ao "Puerto de la Molinera" sobre o  Huebra onde damos inicio a uma muito longa e penosa subida até Saucelle. 
Para além da beleza das escarpas o que aqui sobressai são os grifos, às dezenas, que nos vão sobrevoando em voos rasantes numa espectacularidade constante.
Em Saucelle novamente damos pela falta do Luis que, mais uma vez sai do trilho!...
De Saucelle até ao Douro as vistas são, para não variar, de uma espectacularidade única.
A partir da Barragem (Salto do Saucelle) e até Barca de Alva rolámos sob forte vendaval e ameaça de chuva que viríamos a apanhar de forma mais intensa já a caminho de casa.
Ao pessoal da Guarda que nos quis fazer companhia proporcionámos, com a colaboração do Município de Figueira de Castelo Rodrigo, um banho no Pavilhão dos Desportos, a que se seguiu um lanche no bar "A Piscina", onde fomos muitíssimo bem atendidos e pudemos acompanhar a Victoria do SLB sobre o FCP por 2 a zero!

 (Canchón de Camaces)

(Deixando o miradouro do Canchón de Camaces)


(A ponte da Molinera)






(Pormenor de "La Molinera")
 (Panorâmica da Molinera, onde é visível o "Canchón" de Camaces)


 (Na subida p/ Saucelle os grifos apróximavam-se de tal forma que foi possível fazer esta habilidade!)

 (O grupo em Saucelle)


 (Esperando pelo Luís!)

 (Aproximação ao Douro, pelos acessos à Barragem de Salto)


 (Reagrupando junto à estrada que dá acesso à Barragem de Salto de Saucelle)

(Panorâmica do Douro Internacional)


 (Aproveitamento turístico das antigas habitações da Barragem de Salto)


(Entrando nos domínios do PNDI no acesso à E.N. 221)


 (O grupo no miradouro do "Canchón de Camaces")


 (Confraternização no bar "A Piscina")

Para eternamente recordar.
Vídeo da autoria de Agnelo Quelhas:




Resumo do dia:
Distancia percorrida: 67,3 Km
Subida: 1502 m
Descida 1506 m

 Gráfico de Altimetria:



Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui
(São disponibilizados dois percursos. A verde o alternativo, que foi o que nós percorremos)

Mais fotos AQUI

Nota: as fotos deste "Post" foram quase todas "roubadas" ao Agnelo Quelhas, que nos proporcionou uma soberba reportagem.


P.S. - De qualidade generosa e sabores profundos, o queijo de ovelha produzido artesanalmente em Hinojosa de Duero é uma outra forma de sentir o Douro. 
Elaborado a partir de leite cru de ovelha, com cura de um mínimo de dois meses, para o semi-curado, de cinco meses para o curado e de doze meses para o velho, pode ser adquirido na "feria del queso" que anualmente se realiza no inicio de Maio naquela pequena localidade salamantina. Não o provámos mas aqui fica a "deixa"!