terça-feira, 17 de junho de 2014

Pela Serra da Gardunha (na Rota da Cereja)!

Quando no passado mês de Maio me inscrevi na 7.ª Maratona BTTGARDUNHA "Rota da Cereja - 2014" a ideia que lhe estava subjacente era assistir à chegada dos nossos "ponta de lança" Carlos Russo e Pedro Tondela, na qual participavam com algum interesse, uma vez que está integrada no troféu de Maratonas da Beira Interior.
Juntando o útil ao agradável com alguma antecedência fiz a minha inscrição na meia maratona, o que me permitiria assistir à chegada dos primeiros classificados da maratona.
Devemos ter chegado ao Fundão pelas 8,30 horas.
Não sentimos quaisquer dificuldades no levantamento dos dorsais.
Em face disso, muito atempadamente nos dirigimos para a zona da partida, onde, para grande surpresa geral, fomos confrontados com "boxes" que separavam os participantes pelas várias categorias (Cadetes, Juniores, Elites, Master 30/40/50/60, etc.).
Todo este controle, para além de moroso e de separar os elementos dos grupos, foi, quanto a mim, de total inutilidade, pois só faria sentido a separação se para cada categoria fossem atribuídos "handicaps" de tempo, ou a "largada" ocorresse em momentos distintos, o que não viria a acontecer nem estavam previstos. 
Não seria muito mais fácil criar um parque fechado e controlar todos os participantes por uma única "manga" de acesso? Aqui a organização esteve muito mal e mercê deste moroso processo de controlo a partida só viria a acontecer pelas 9,25 horas.
Os primeiros 35 Km, comuns a ambos os percursos, para além de monótonos e com muito alcatrão, viriam a apresentar-se planos e extremamente rolantes. Não me lembro de alguma vez ter usado a "talega" por tantos Km!
Velocidades médias acima dos 25 Km\h!
 Como me tinha inscrito para a meia maratona e estava convencido de que não poderia alterar a minha opção, a exemplo do que sucedera em Almeida, abusei um pouco das pernas. 
Quando cheguei ao primeiro controlo, eram 11,37 horas e 36 Km percorridos, fui informado que tanto poderia optar pelo percurso longo como pelo intermédio. Caso optasse pelo intermédio estaria a 8 km da meta. 
Ainda hesitei por uns breves instantes mas depois dei comigo a pensar: "Eh pá saíste de casa ainda não eram 7,00 h, vais percorrer 300 Km de carro, gastar 15,00 € de portagens e 30,00 € de combustível, para fazer a voltas das meninas (sem ofensa para elas)"?
Sei que, por norma, o melhor está reservado para os "maratonistas". Quer em termos de percurso, paisagem e dificuldade física\técnica.
Tinha estudado o trajecto pelo que me sentia um pouco à vontade e ... como não ando para fazer "tempos" nem à procura de troféus, facilmente me decidi pela maratona.
É evidente que não me arrependi da opção tomada, mas que transpirei muito lá isso transpirei e só a muita calma e experiência acumuladas me permitiram chegar à meta sem grandes mazelas.
A partir da separação o percurso foi de dureza extrema. A primeira subida, com uns intimidantes 9,00 Km, viria a apresentar-se uma autentica parede. Demolidora. Toda ela feita com a ajuda da "avozinha" e praticamente a solo.
De vez em quando lá ia olhando para trás como que procurando companhia, até que fiz uma espera a um outro participante que se ia aproximando e que, após uma breve troca de palavras, chegou à conclusão que estava enganado pois queria era fazer a meia maratona. Ainda o consegui convencer até ao reabastecimento, após o que inverteu o sentido da progressão.
 No topo estava o segundo dos reabastecimentos, estrategicamente colocado. Muita sombra e água fresquinha a brotar de fontanário em local paradisíaco.
Daqui até ao "Posto de Vigia" apenas uma insignificante descida por largo estradão. Foi em trilho ascendente e bastante sujo, já nas suas proximidades, que me cruzei com uma ambulância. Deu para trocar dois dedos de conversa com os seus dois ocupantes.
No Posto de Vigia mais um controlo e mais dois dedos de conversa. Aproveitando ainda para fazer umas "chapas" de forma a documentar a minha passagem. 
Seguiu-se uma espécie de singletrack recentemente arquitectado e que se viria a apresentar extremamente perigoso. Estou em crer que muito boa gente ali fez uns "riscos no cromado". Não havia necessidade de "obrigar" o pessoal àquele tormento pois ao lado estava o caminho que iríamos apanhar mais à frente.
Espectacular a vista sobre Alpedrinha.
A partir daqui tive por companhia seis companheiros: três lisboetas e outros tantos ribatejanos, de Coruche. Bons companheiros diga-se pois foi com eles que fiz o restante do percurso.
Um pouco antes do terceiro reabastecimento ainda prestei ajuda a um companheiro cedendo-lhe a minha câmara de ar suplente.
Passagem por Alcongosta, por estes dias a capital da cereja, a que se seguiu nova "parede", com cerca de 5 km. 
Diz a regra que a seguir a grandes subidas aparecem grandes descidas. E ontem não foi excepção.

Nota mais para a passagem pelas "levadas" de água. A exigir muita atenção é certo.
Nem fazia a mínima ideia que a Serra da Gardunha fosse tão rica em água. Uma constante ao longo de todo o percurso.
Eram 16,00 horas quando passei pela Meta.
A partir do Km 55 as minhas pernas começaram a dar os primeiros sinais de cansaço. Não foi fácil fazer a gestão de esforço. Só a muita calma e experiência me permitiram chegar à zona da Meta são e salvo.
O almoço (se é que se pode chamar disso) aconteceu depois das 17,00 horas, em amena cavaqueira, com os companheiros atrás mencionados e com grande parte do staff de apoio.

Grande dia de BTT.

A Serra da Gardunha é lindíssima e permite uma visão privilegiada sobre toda a cova da beira, a encosta sul da Serra da Estrela e o planalto que se prolonga desde Alpedrinha até Castelo Branco e Penamacor.

Impressiona a quantidade de cerejeiras que fomos encontrando ao longo de todo o percurso.


Uma pequena critica:

Nota muito positiva para os reabastecimentos. Fartos e bem colocados.
Igualmente nota positiva para a distribuição dos dorsais. Sem demoras.
Quanto ao almoço: Eu gostei muito. Carne de porco grelhada na brasa, salada de tomate, arroz doce\taça de cerejas e café, acompanhados de vinho\cerveja\refrigerantes à discrição. Atendimento rápido e afável.
Banhos: Dentro do mínimo aceitável. Julgo que no Fundão existem melhores alternativas.
Quanto ao percurso: Demolidor. Não havia necessidade de tamanha dureza. A partir do primeiro controlo e até final, na minha modesta opinião, foi extremamente exigente em termos físicos. Não havia necessidade de violentar os participantes com estas "paredes"!
Quando chegámos a Alcongosta, por volta do km 55, ainda nos faltavam fazer 600 m de D+ (acumulado de subida) em cerca de 15 Km. Não havia necessidade deste "tratamento"!
Muita insegurança nos trilhos junto às levadas de água, especialmente pelos buracos, ocultados, muitas vezes, pela erva.
Aqueles 800 m logo a seguir ao Posto de Vigia, pelo meio dos poios, numa espécie de singletrack feito na hora, apresentaram-se sempre extremamente perigosos e a prova disso foram as sucessivas quedas que aí ocorreram. Deveria aí estar sinalizado um percurso alternativo pelo caminho ao lado.
A partida, para além dos incidentes que já atrás relatei, não deveria ali ter acontecido. Nem ao diabo lembraria encaminhar o pessoal por aquela afunilada subida logo após a largada. Entendo que se queira promover o centro de btt ali existente, mas de certeza que haveria outras formas de o fazer.
Ouvi e vi muito participante decepcionado com esta Edição do evento, comparativamente com as anteriores. Como foi a minha primeira vez não posso fazer comparações. Mas fiquei com vontade voltar, não obstante ter chegado todo moidínho!
Globalmente dou nota positiva ao BTTGARDUNHA.
Reconheço que não é fácil por de pé um evento com esta dimensão. Nem é fácil seleccionar percursos que a todos agradem. Por vezes quem o faz tem tendência a fazê-lo à sua imagem. É um erro muito comum. Lembro que quem alimenta estes eventos não são aqueles que correm para o pódio, que serão talvez 5 a 10% dos participantes. Os outros 90 a 95% fazem-no apenas porque gostam. E são estes últimos que alimentam o btt. 


 Resumo do dia:



Algumas fotos:


 (Os habituais preparativos da chegada)


 (O meu dorsal)




(Aspecto geral da partida)

 (Ai está o rapaz - atrás do camisola "vitalis")


(Um dos nossos "pontas de lança" atacando a cabeça do pelotão!...)






(Companheiro de ocasião, numa das várias levadas de água que fomos encontrando)

(Posando para a câmara, junto a uma levada de água)


(No Posto de Vigia)



(Encosta sul da Gardunha - Alpedrinha e os túneis da A23)



(Sobre a encosta norte da Gardunha, apreciando a Cova da Beira e a Serra da Estrela)




(Cerejas de Alcongosta)




(Pomar de cerejas, em Alcongosta - Uma constante em todo o percurso)



(Aspecto geral da zona de almoço, em pleno parque de campismo)


Podem visualizar ou descarregar o TRACK do percurso aqui
Nota: Contem a ligação do percurso intermédio.

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