terça-feira, 3 de junho de 2014

Até às Termas do Cró (pela GR do Vale do Côa)

«A Grande Rota do Vale do Côa - da Nascente à Foz é um projecto promovido pela Associação de Desenvolvimento Territórios do Côa, no âmbito do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) Turismo e Património do Vale do Côa, financiado pelo Programa Operacional Regional do Centro».
In: http://www.atnatureza.org/index.php/projectos-hidder/83-gr-projecto
Tendo
a Associação Transumância e Natureza (ATN) se responsabilizado pelo levantamento, limpeza, marcação e manutenção do trilho, assim como pelo seu Plano de Promoção, para biénio 2013/2014, dispondo para tal de um orçamento de 78 000,00 €, financiados pelo QREN Centro, no âmbito do programa PROVERE.
Tal como a designação deixa antever, a GR do Vale do Coa desenvolve-se pelas margens do rio Coa, ao longo de 220 Km, desde a sua nascente até à foz, atravessando limites territoriais dos concelhos de Sabugal, Almeida, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa.
O que nos havíamos proposto fazer era ligar Figueira de Castelo Rodrigo às Termas do Cró, no concelho do Sabugal, aproveitando as marcações desta GR que apanharíamos logo a seguir à Reigada.
O percurso não me era completamente estranho. Já por diversas ocasiões por aqui tinha andado. A última das quais a 11 de Maio deste ano, no 13.º BTT de Almeida e nos anos de 2010, 2011 e 2012 quando fiz a ligação Figueira C. Rodrigo - Almeida - Ponte Sequeiros.
Como vem sendo hábito, a ideia foi lançada via Facebook e não colheu grande receptividade. Apenas quatro "valentões" responderam à chamada:

Carlos Gonçalves
Luis santos (Chapeiro)
Paulo Moreira (que ultimamente nos tem feito companhia).
Carlos Gabriel, que veio propositadamente de Vila Nova de Foz Coa para nos acompanhar nesta etapa.

Um grupo muito pequeno mas bastante homogéneo, ideal para este tipo de expedições.

Pouco passaria das 8,00 horas quando saímos de Figueira, pela EN 221, em direcção ao cruzamento\rotunda Pinhel\Almeida\Serra da Marofa\Castelo Rodrigo, que contornámos até à 3.ª saída, para a EN 332, seguindo a indicação de Almeida e que haveríamos de largar uns Km mais à frente, nas proximidades da Zona Industrial, para apanhar o trilho que nos obrigaria a passar pelas aldeias de Vilar Torpim, Reigada e daqui, sempre em direcção sul, até às proximidades de Cinco Vilas, ainda nos limites do concelho de Figueira C. Rodrigo, até acertarmos com as marcações da Grande Rota do Vale do Coa, por onde progrediríamos até às termas da Fonte Santa e Almeida, onde faríamos a primeira paragem técnica para reabastecimento.
 De Almeida até ao Jardo, circulámos pelo trilho utilizado no 13.º BTT de Almeida e que nos levaria até à ponte pedonal do Manuel José, que utilizámos para alcançar a margem esquerda do rio e progressão até à ponte de S. Roque, na EN 16, onde reabastecemos de água e bebemos umas "minis" bem fresquinhas no bar do alemão, que nos atendeu por especial favor, depois de lhe batermos à porta, na busca de água potável.
Aqui ainda houve lugar para um breve encontro com os nossos "ponta de lança" Carlos Russo e Pedro Tondela que por ali rolavam de "roda fina", vindos da Guarda.
Sempre pela margem esquerda do rio e por trilhos extremamente técnicos, ora subindo, ora descendo, lá conseguimos chegar à pequena localidade do Jardo, onde fizemos mais uma paragem técnica para reposição de líquidos e sólidos. 
Logo após o Jardo ainda nos entusiasmámos com uma longa descida, extremamente técnica, até à margem do rio, mas depois até Porto de Ovelha andámos completamente à deriva e com as bikes às costas, literalmente. O trilho sempre muito mal marcado, não obstante as "mariolas" que íamos visualizando, aliado às difíceis condições do terreno, ia dificultando a progressão. Durante uma hora andámos neste sobe, desce, vai à frente, vem atrás, procura a marca, avança, vai buscar a bike...
Chegados a Porto de Ovelha, com enorme sensação de alivio!
Por largo pontão pedonal cruzámos novamente o rio até nos acercarmos da ribeira da Arrifana (do Coa), que mais uma vez transpusemos por  característico pontão e onde eu fiz um brilharete passando a vau. Molhei os pezinhos mas valeu bem a pena, tendo aproveitado p/ fazer uma lavagem às botas e pernas, completamente enlameadas (e com bosta de vaca) em resultado de uma paragem forçada (fui ao charco como disse o Carlos Gabriel) ainda antes de chegar ao Jardo.
Seguiu-se a aproximação a Badamálos e novo cruzamento com o Coa, desta vez por ponte rodoviária, e por largo estradão até à "Ponte Sequeiros", classificada como imóvel de interesse público, cuja construção aponta para finais da primeira metade do século XV e eis-nos novamente na margem direita do rio e progressão até Valongo do Coa, onde reabastecemos de água potável. 
De regresso ao rio e nova passagem para a margem esquerda por característico passadiço. Talvez o mais bonito de todos os que cruzámos. Local paradisíaco e muito bem preservado onde pudemos contactar com alguns pescadores que por ali praticavam à linha. 
Alguns minutos depois estávamos em Seixo do Coa e finalmente no Complexo Termal do Cró, onde chegámos pelas 15,20 horas.
Uma pequena sessão fotográfica, enquanto aguardávamos pelo carro de apoio.
 Fica a faltar-nos o troço desde a nascente do rio até ao local onde terminamos. 
Talvez em Setembro, aquando da sua inauguração oficial!
P.S. O dia velocipédico terminou com umas tapas e umas moelas, acompanhadas de umas "bejecas" no sitio do costume e amena cavaqueira.
Grande dia de BTT!

Algumas imagens da nossa passagem:

 (Na EN 221, à saída de Figueira C. Rodrigo, ainda na companhia do Carlos Mata, de roda fina)


(Nas proximidades de Almeida)


(Aproximação a Almeida)

(Passagem pela vila fortaleza de Almeida)






(Sobre a ponte do Manuel José)




(Ao fundo a ponte da A25 sobre o rio Coa)


 (Grupo junto à ponte de S. Roque - EN 16)


 (Pausa para reposição de energias)

 (Aqui se cruzam a GR 22 ou Grande Rota das Aldeias Históricas e a GR do Vale do Coa)




 (Um troço de calçada romana)


(Ultrapassando um pequeno obstáculo)







 (Velha nora)

 (Penando pela calçada romana em direcção ao Jardo)


(Fazendo a higiene!)


 (A parte mais difícil do dia)




 (Pontão junto a Porto de Ovelha)


 (Pontão da ribeira da Arrifana)


 (... sal e brasa!...)


 (Sobre a Ponte de Sequeiros)


(Ponte de Sequeiros)


 (Em direcção a Valongo do Coa)


(Passadiço de Valongo do Coa)


 (No complexo Termal do Cró)



Deixo também um pequeno video da autoria do Carlos Gabriel, que está um mimo:




 A grande desilusão do dia acabou mesmo por ser a ligação JARDO - PORTO DE OVELHA
Já sabem: se se aventurarem por estes trilhos, na ligação JARDO - PORTO DE OVELHA sigam por alcatrão. Serão uns 4 ou 5 Km. 

 Fica a faltar-nos o troço desde a nascente do rio. Talvez em Setembro, aquando da sua inauguração oficial!..

 Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui
 (O track disponibilizado já contem o percurso alternativo Jardo - Porto de Ovelha)

Uma pequena avaliação a esta GR:

O percurso que nós fizemos (Cinco Vilas - Termas do Cró) apresenta, quanto a mim, algumas deficiências em termos de marcações. Impraticável p/ BTT a ligação entre o Jardo e Porto de Ovelha. Andámos completamente à deriva. Mesmo p/ pedestrianistas se me afigura extremamente difícil de seguir. Muito mal marcado, mesmo com a ajuda das "mariolas". Devia haver uma placa no Jardo e outra em Porto de Ovelha a indicar o alternativo, a exemplo do que acontece um pouco antes do Cró onde está sinalizado um percurso alternativo para btt e cavalo.
A limpeza do trilho deixa muito a desejar e é mesmo inexistente em algumas partes. Se agora está assim imagine-se daqui a uns dois anos.
Pareceu-me que o percurso foi marcado, tendencialmente, no sentido da  nascente para a foz do rio. Ora as marcações devem ser feitas de forma a permitir a progressão nos dois sentidos e não só num. Haverá utilizadores que iniciarão na foz e outros na nascente, não?
Outra grande lacuna tem a ver com "pontos de água" não sinalizados. Vimo-nos aflitos p/ arranjar água potável. Na ponte de S. Roque, na EN 16, valeu-nos o "alemão" que por muito especial favor nos arranjou uma garrafa de água. Lembrem-se que a maioria dos utilizadores da GR serão "bttistas". 

 Outro aspecto que julgo deve merecer alguma atenção dos promotores serão as "portaleiras" que aparecem nos locais mais improváveis e que deveriam estar sinalizadas, especialmente as que estão a meio das decidas. Sou adepto da sua convivência, até para não criar animosidades entre as gentes locais que terão que encarar os potenciais utilizadores da GR como uma mais valia e não como um empecilho ou um obstáculo ao desenvolvimento da suas actividades.

No entanto sente-se que esta GR do Vale do Coa tem enormes potencialidades. O traçado do percurso é lindíssimo e as constantes passagens pedonais sobre o rio conferem-lhe um encanto extra, para além de que não é muito exigente em termos físicos.
Toda esta zona de Riba Coa  carrega Seculos de história. É riquíssima em termos monumentais. Lembro os Castelos do Sabugal, Sortelha, Alfaiates, Vilar Maior, a fortaleza de Almeida, Castelo Rodrigo, Castelo Melhor, as gravuras rupestres de Foz Coa, o museu do Coa. Tudo englobado num único itinerário.
A fauna e flora constituem um património único. De que destaco os vinhedos e os olivais junto à sua foz.











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