quinta-feira, 2 de maio de 2013

Caminho Jacobeo Português (2013)

Antes de mais devo referir que encarei esta "peregrinação" com algum cepticismo e muita desconfiança, pelo que só muito tardiamente me decidi pela inclusão no grupo participante.
O Inverno extremamente chuvoso e alguns relatos recentes faziam antever uma peregrinação em condições extremamente adversas. Nenhum dos prognósticos se confirmou. O "Caminho" apresentou-se-nos sempre seco e extremamente ciclável.  Comparativamente com o do ano passado direi que se apresentou sempre em melhores condições e, por mais incrível que possa parecer, com muito menos lama.
Este ano, em contraponto com o ano passado, todos optámos pela mochila. O que se viria a revelar a opção mais correcta.
Pelo segundo ano consecutivo fizemos o "Caminho Jacobeo Português".
Desta vez preparado com elevada despreocupação mas com objectivos bem definidos.
A efectuar em três dias, dividido noutras tantas etapas, aproveitando sempre as infraestruturas de apoio ao peregrino existentes ao longo do Caminho. Preceitos que cumprimos à risca.
Assim, os cerca de 250 Km do "Caminho" foram divididos em três sectores:
                 1.º dia: Porto\Ponte de Lima
                 2.º dia: Ponte de Lima\Pontevedra
                 3.º dia: Pontevedra\Santiago de Compostela
O primeiro sector, realizado no feriado do 25 de Abril (5ª feira), foi\é, quanto a mim, o mais desinteressante e monótono. Saindo do Porto, junto à Sé (se bem que nós, por questões de logística, o iniciámos junto à Av. da República, em Gaia, transpondo o Douro pelo tabuleiro superior da ponte D. Luís) e até Ponte de Lima o alcatrão e os paralelos são dominantes. Apenas na parte final se "cheira" um pouco a terra. Como estávamos  todos sem o "salvo conduto" que nos permitiria usufruir da pernoita nos albergues somente conseguimos adquirir a  famosa Credencial em S. Pedro de Rates.
Chegando a Ponte de Lima bem em cima das 15,00 horas e com 90 Km (extremamente rolantes) nas pernas.
Em Ponte de Lima as bicicletas eram às centenas! Sem quaisquer exageros!
Como no albergue os peregrinos que fazem o caminho de bicicleta não são prioritários lá tivemos que esperar até bem perto das 18,00 horas para entrar e tomar o tão ansiado banho de água quente.


(O grupo em Vila Nova de Gaia)


(Sobre o tabuleiro superior da ponte D. Luís)


(No Porto, junto à Sé)


(O Luís acelerando em Barcelos!...)


(Pausa em Tamel)


(Recuperando energias em Ponte de Lima!...)


(Sessão de alongamentos em frente ao albergue - Ponte de Lima)

A ligação Ponte de Lima\Pontevedra, efectuada na 6.ª feira, 26 de Abril, foi\é, quanto a mim, a mais espectacular de todo o caminho. Pela dureza, pela paisagem e, sobretudo, pelos trilhos. Este ano e contrariamente ao que havia acontecido no ano passado, a serra da Labruja foi feita num instante. Sem dúvida que a ausência de alforges para isso contribuiu.


(Saindo de Ponte de Lima)


(Belo pormenor deste 2.º dia)


(No inicio da Labruja)

(Penando na Labruja)


(... continuação da Labruja)


(Foto de grupo na Labruja)



(Em Tui, bem junto à fronteira)

(Saindo de Tui)

(Junto ao albergue de Redondela, onde recolhemos mais um carimbo)

(Ponte Sampaio, depois de mais um reabastecimento)


Logo a seguir a Ponte Sampaio, em trilho, extremamente técnico, tivemos o único contratempo do Caminho. O Tiago Pena "trilhou" a roda de trás da sua montada. O que viria a provocar um ligeiro atraso na ligação a Pontevedra.
Deveriam ser umas 17,30 horas (mais uma em Espanha) quando chegámos ao albergue de Pontevedra onde não conseguimos pernoita.
Valeu-nos a simpatia (interessada) do hospitaleiro responsável que nos tratou da pernoita na "Casa de Espiritualidade Rainha da Paz" onde, aliás, já estavam umas boas dezenas de "biciperegrinos", acabando por ficar muito bem acomodados.
Por 8,00 € melhor era impossível.
O último sector, efectuado no Sábado, dia 27 de Abril, ligou Pontevedra a Santiago de Compostela.
Merece nota de destaque a paragem em Padron, local onde se diz aportou a barca com os restos mortais do apóstolo, terra do Nobel da literatura Camilo José Cela e onde experimentámos os famosos pimentos fritos, para além de outras iguarias.
A Chegada a Santiago de Compostela deu-se pelas 15,00 horas.
Cumpridas (quase) todas as formalidades, onde se inclui o famoso certificado (Compostela) demonstrativo da nossa peregrinação, recolhido na Oficina do Peregrino, nas proximidades da Catedral.
Ainda tentamos obter dormida no Hotel onde ficámos instalados no ano passado mas verificámos que o mesmo se encontrava em obras pelo que acabámos por pernoitar no "NEST STYLE" que não sendo mau demonstrou ser um pouco inferior ao Hesperia II.
O regresso a Figueira aconteceu no Domingo, 28 de Abril, onde já almoçámos.

Em jeito de rescaldo direi que foram três dias de muita pedalada feitos em muito boa companhia.

Participaram nesta aventura:

Carlos Russo "Ninja"
Carlos Gonçalves
Luís Santos
David Paredes
João Pedro Quadrado
Pedro Tondela
Tiago Pena (o Benjamim do grupo, um "miúdo" fantástico que a todos cativou)



(Em Padron, Junto à estátua do Nobel Cela)


(Os famosos pimentos fritos de Padron)




(O grupo na Praça do Obradoiro - Santiago de Compostela)


(Na Praça do Obradoiro - Santiago de Compostela)




(Aliviando o stress depois da viagem)


Sem qualquer margem para duvida que a nota dominante desta "Caminhada" foram as bicicletas. Ás centenas.
E o mais curioso foi verificar que a grande maioria estava a fazer o "Caminho" por Viana do Castelo, pelo Caminho da Costa, como forma de evitar a famosa Labruja. Quando, quanto a mim, a parte mais difícil do 2.º dia está localizada na parte final da etapa, nas proximidades de Pontevedra.

Tradicionalmente há três práticas que os peregrinos devem fazer quando chegam à catedral: Bater três vezes com a cabeça no pilar central que está à entrada da catedral, colocando a mão direita sobre a cabeça do apóstolo, esculpido no pilar (prática abolida pois o pilar está vedado ao público), subir ao altar-mor e abraçar o santo por trás e visitar a cripta onde está a urna de prata com os restos mortais do apóstolo. O que desta vez não fizemos por a catedral já se encontrar encerrada ao público.

P.S. - Quando se participa neste tipo de "aventura" coloca-se sempre o "dilema": Alforges ou mochila. No ano passado quase todos optámos pelos alforges, que se viriam a revelar uma fonte de problemas. Lembro que o do Luís (Chapeiro) partiu e já nem regressou a casa. E os dos outros acabaram também por dar alguns problemas. Isto para já não falar na instabilidade que provocam na bicicleta.
Este ano, fruto da experiência acumulada no ano passado, todos optámos pela mochila. Foi a melhor opção que tomámos. Sendo certo que acabamos transportar um peso extra nas costas vem, no entanto, trazer uma estabilidade ao binómio homem\bicicleta que os alforges não proporcionam. E tanto assim é que acabámos por fazer os três sectores com uma facilidade surpreendente. Até a famosa Labruja, que no ano passado tanto esforço nos custou, nos pareceu uma pequena brincadeira.
E a mochila tem mais uma vantagem: Apenas transportamos o que verdadeiramente necessitamos.

A reportagem fotográfica completa pode ser visualizada aqui

Os TRACKS do "Caminho", são os do ano passado pois os percursos até Santiago de Compostela são coincidentes e podem ser visualizados ou descarregados aqui

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